CINZA DOS OSSOS
ANTONIO CABRAL FILHO
*
2 - Loucos da Praça da República
Deles as palavras saltam
Diretas sem medo sem rodeios
E vão fluindo vulcanicamente.
Um redemoinho de sensações
Aflige diferenças e indiferenças
E tudo parece confluir em torno deles.
Não conhecem a arte de inventar as histórias
Que falam de um mundo real
Sem alegorias nem vãs glórias
Mesmo que por ora possam chocar.
Aos poucos vão construindo um fio da meada,
Vão dando forma ao outrora apenas louco.
Suas inquietudes fazem-nos descobrir tudo ao seu redor
E até achar tudo isso muito normal:
O relógio quebrado e sem ponteiros,
A roda de loucos entretidos no centro da praça,
A multidão apressada que surge sem rumo,
E tudo isso interligado pelo único elo possível
Neste tempo de pressa:
O imperativo verbo ignorar.
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário